Em dias
frios, há tanta gente descoberta que a cabeça dói.
Em noites
vazias, são só vozes.
E aí há um
momento, às vezes, pela manhã
,quase
nunca pela noite,
que ninguém
aparece.
E, por um
segundo, eu tenho que falar algo de frente ao vidro que tenta esconder o sol.
Da pequena
passagem pela parede uma profusão de vontades caminham pela única rua que a
minha janela me permite.
E essa
profusão de vontades são pequenas mentiras que me contaram antes que eu fosse
verdade nessa cidade irreal.
São torres
inexistentes em meio a barulhos sexos secos.
E aí ao
amanhecer parece verão, e eu volto para o ponto zero e mergulho no silêncio das
vontades que ainda não perceberam que o sol raiou.
As
artificialidades que escondem nossas gotas de suor nos mantém em suspensão
temporária de vida através do silêncio alternado do ar. Ar tificial.
De chinelo
na mão imaginando a areia no pé, escorro um pouco de sangue na inconformidade
de estar preso em uma minúscula janela de uma rua só que é mais cinza que o
próprio estereótipo que se espera dessas pseudo-vontades caminhantes.
E logo já é
manhã e essas vontades voltam para rua quase sem desejo de estarem aí. Apenas
vontades secas.
Se isso
fosse verdade, essas vontades não seriam nada. Apenas pernas.
Mas elas
são pequenas mentiras cheias de produtos que me esvaziam e me deixam com medo
de seguir aqui.
Se não fosse verão e se o sol não fosse insistente logo tão cedo, eu já tinha desistido de ser vontade e teria voltado para minhas palmeiras.
Se não fosse verão e se o sol não fosse insistente logo tão cedo, eu já tinha desistido de ser vontade e teria voltado para minhas palmeiras.
Dizem que
vontade é ambição. Eu era vontade, agora sou desejo. De nada. Sou silêncio. Sou
de pés descalços pela nova manhã anunciando mais um vontade-dia. Anunciando
mais um vidro-dia para mim. Me fecho de novo, espero toda essa vontade passar
para poder sair e ser desejo de novo.
E há
desejos que ainda acreditam que essas vontades são pessoas.
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