Meus
movimentos precisos te envergonham
e você não
percebe a tua risada gritada no ônibus
Você se
mostra em todos os países do mundo, em todas as partes
mas se
esconde em finais de junho
Meu beijo masculino
te enrubesce
e teu
coração para de bater por alguns minutos
a vergonha
que você carrega ao lado desse medo infantil
te deixa vulnerável
como numa canção feminina e...
... ainda
assim você se silencia frente aos meus modos, minhas maneiras...
Não te peço
voz
Mas saiba
que teu silêncio me entristece
Saiba que a
tua risada no ônibus te mantém vivo
em nome de
todos aqueles que foram amarrados em postes e deixados para morrer
Cada abraço
escondido
Cada beijo
negado
Cada silêncio
exigido
Cada palavra
engolida
É um corpo –
feminino ou masculino – morto
O teu silêncio
carrega sangue.
O teu medo
fortalece o punho do outro
Enfrente-se
Me enfrente
E, por fim,
saiba que
todos sabem, mas se silenciam porque têm medo do que o teu medo é capaz.