segunda-feira, 28 de julho de 2014

Do medo


Medo de mulher
Medo do feminino
Medo da feminina
Medo da histeria
Medo da maternidade...
... do leite materno
... do substituto do leite
... da vontade
... do corpo

há homens que nos fazem mais homens
há homens que nos fazem mulheres
há homens que não existem
há homens que nos dão medo
há homens com medo
e há homens que nos dão medo porque têm medo

Tenho medo do meu feminino
Vergonha do meu masculino
Nojo da minha feminina

Vergonha...
... do meu pulso
... dos meus braços
... da minha risada no ônibus
... do meu olhar na rua (eu uso óculos escuros para meu desejo esconder)
... da minha perna cruzada
... do meu tom de voz, do meu tom de ser
... do meu rosto
... da minha calçada

Há uns que são mais
Outros que podem ser mais
E algumas que não podem ser nada

E nós, todos nós. Todos que não aguentam de vergonha, de medo e de desejo.

Uma pena que o desejo seja masculino
Pois então, que seja vontade. Só vontade.

Porque no fundo, ser esse homem masculino, destrói a feminina

Porque no fundo, ser homem destrói.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Corpo

Aaaaaaaah,
Gira sobre meu corpo
O seu pranto
Que me faz sofrer tanto
Por saber
Que seu choro
Não rima com o meu



quarta-feira, 23 de julho de 2014

Salamandra Tree



Para o Ted’s

Dizem que ela cresce nos lugares úmidos da força motora primal
E quando cresce, não para de brotar novos sentimentos e constantes desejos

Dizem que ao tocá-la, você começa a falar, falar, falar, falar, falar...
.... como aqueles amigos que te contam sobre pé começando pela mão...

Essa árvore é infinita.
É de fogo,
mas é um fogo brando
que antes de te queimar, te acolhe em abraços doces diabéticos dietéticos diatríticos

É força pura
vontade de seguir adiante,
É pouco medo
o suficiente para te fazer voar

Para os que dizem que tal árvore acolhe os que por baixo dela passam dando água e sombra
Eu digo: mais que sombra, espectro de cores.
Das suas folhas escorrem cevadaquosa que mata a sede e aprofunda a amizade

É árvore eterna
que não duvida, não questiona, não nega, não apaga e não esquece
os seus galhos são maiores que toda a sua vontade de fugir

é a árvore mais simples e mais abarcante que se possa ver
é um tererê preso no seu coração

não há porque fazer barco de seu tronco
porque ela é a viagem.

A que tenho plantada em mim, é dura porque persiste a todos os granizos.

É a única salamandra tree que conheço e a única que precisamos.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Ensaio

Ensaio sobre o teu corpo uma perspectiva canibalística
Te quero, como em espanhol
Mas também te quero
Como em Tupi
Te quero como angu
Como líquido escorrendo pelo meu corpo
E também te quero
Como formas fálicas ao redor do meu desejo
Te quero por partes
Braço, perna, torso, cotovelo, orelha
Entranhas embaralhadas em mim

Só não te quero como propriedade
Te quero Próprio. Só assim.
Te quero no meu corpo
Escorregando vontades no meu querer


Ode ao cu



o cu é o que nos une.
o que todos temos
o que todos usamos
o que nos limpa

mas, infelizmente
o que todos renegamos

o cu nos une
o cu é de todos

Por cu
Com cu
Em cu
Por Cu Pai, todo poderoso
Na unidade do cu, toda honra e toda glória, agora e para sempre.

que dar cu não seja ofensa
que tomar no cu não seja ofensa
que o cu da classe média seja tão limpo quanto o das melhores classes
que a classe alta limpe o nosso cu com a língua e
que isso não seja ofensa, só prazer.

o cu é único
É poder
É elemento
É de todos

O meu cu no seu cu
E o nosso cu poderosa arma de igualdade
Deixemos de lado os pintos, as bucetas, as tetas. De hoje em diante só cu.
Porque o cu é de todos e para todos.

Não existe mais violação anal porque o anal passa a ser o caminho.
Estreito, largo, longo, curto, mas sempre limpo caminho.
De dentro, de fora, para dentro, para fora. Pelo cu

A vergonha não é tomar no cu, é usá-lo como ofensa.
O cu é o único que pode nos limpar.
Que seja cu porque é nele que nos igualamos. Só no cu.


Na Glória do Cu, Amém.