Agora estamos no www.joaomariacicero.com
Nos vemos lá.
Blog do João Maria Cícero
quarta-feira, 4 de janeiro de 2017
sábado, 17 de outubro de 2015
Baptista
Baptista
Lisboa, 31 de julho de 2010 – final de verão
Já não há mais o que
escrever porque parece-me que Lisboa me livrou da dor.
Já não há mais o que
escrever porque em plena luz do sol, ele jogou-se da janela.
E nós vimos.
Eu vi e ela ouviu.
E aquele estrondo do
corpo no chão marcou a nossa viagem.
E agora, sempre que
penso nas ruas de Lisboa, ouço o corpo no chão:
Baptista.
Ele era Batista. E nós
ainda somos o que somos. Sem dor.
A dor espatifou-se junto
com ele.
Adeus Dor. Canto-te um
mantra para aliviar o som do corpo.
E ele nem sabia o que
fazia, só queria voar com seu gato.
E nós ali, perdidos
entre a Aurea e uma outra.
E quando o último cair,
ainda estaremos aí. Perdidos.
Eles nem sabem o que
fazem, mas sabem o que querem como as crianças que se jogam no colo dos pais.
E nós, no caminho do
mar.
Abraço-te para livrar-te
do som do corpo retorcido no chão.
Infelizmente o som não
vai embora com a dor. Ele é permanente.
Assim como a dor de quem
não pôde segurar o Batista.
Que Batista encontre seu
gato voador e que tu encontres teu espaço.
Que ele encontre uma
língua
E que eu volte para
casa.
Batista será nosso
exemplo. Seu som será nosso exemplo.
Eu sempre volto
E no caminho me livro da
areia,
Pre...
...Preguiça…
Não é para Van, é com
Van
Tô com
preguiça daqueles que querem casar, ter filhos, povoar o mundo, popular, poluir
e acha isso tudo natural.
Tô com
preguiça dessa reprodução heteronormativa de valores que mantém o homem branco
e heterossexual no poder e todo mundo acha normal.
Tô morrendo
de preguiça de mulher que para de trabalhar para ter filho porque o homem
precisa prover a casa.
Tô querendo
desmaiar de preguiça de gente que não fala que é gay porque diz que é vida
pessoal e ninguém tem nada a ver com isso.
Tô com
preguiça de não pensar, de quem não pensa, de quem reproduz o erro, de quem não
discute, de quem não quer falar.
Tô com uma
preguiça enorme de gente feliz. De felicidade, de alegria... preguiça dessa
histeria coletiva disfarçada de risada.
Preguiça de
quem vive demais, de quem sorri demais, de quem bebe demais, de quem fala
demais...
Tô com
preguiça de continuar tentando mudar as pessoas ao meu lado.
Preguiça
demais de ter que aceitar os outros, de aceitar que somos todos iguais.
Preguiça de
dinheiro, preguiça de me justificar, preguiça de ter que entender, de ter que
ser
Preguiça de
ter que nascer para viver
E uma
preguiça danada de escrever para tentar te fazer entender que ser não é tão
simples como ter, que viver não é só amanhecer, que eu preciso anoitecer para
te fazer ver que tudo o que você faz é repetir o que te mandam dizer.
Chega. Vou
deixar de viver porque isso tudo me dá mais preguiça do que você possa algum
dia entender.
Poesia Romântica
Poesia
romântica,
se vem de
trovador
se vem de
Pessoa
se vem na
voz de Bethania
ressoam em
você
Poesia de
amor,
se é
feminina
na voz do
Chico
na voz do
Caetano
ressoam em
nós
Sonetos de
afeto,
feitos por
Camões
feitos por
Vinícius
feitos por
Espanca
ressoam na
sua voz
Quando
falta melodia
Quando
falta voz afinada
Quando
falta rima
Quando
falta voz
Quanto
falta tudo,
mas ainda
assim é amor...
como dizer
que aquele segundo teve todo tempo do mundo
que aquela
mão no meu peito
que aquele
beijo
que aquele
corpo
que aquele
pelo na minha boca
que aquele
desejo
me fez
girar e correr te procurando por toda a minha vida
porque eu
sei que vou te encontrar.
E nesse
dia, vou saber rimar, cantar e ler.
Vou te
mostrar que esse amor ignorante é pura ode.
Assinar:
Postagens (Atom)