Hoje eu
cortei as linhas das minhas mãos
Raspei os
três calos em cada palma
Sangrei a
pele grossa da ponta dos dedos, eliminei minha identidade.
Com o lápis
deste texto marquei três círculos nas dobras do meu dedo que confirmam minha
positividade
ou negatividade
ou
imparcialidade.
Costurei
minha ferida com o grafite.
Com as mãos
em punho, não se vê nada
Só as
marcas do cigarro nas articulações
Se você
sabe ler as linhas,
eu abro
minhas mãos e deixo seus dedos passarem pelas linhas que criei:
Há uma
história ancestral que fui apagando com a ponta do lápis.
E há essa
nova história que decide-se deixar que você me conte.
Seus dedos
estão vermelhos do meu sangue.
Tire sua
blusa e deixe que eu marque minhas mãos nos seus peitos.
Pronto.
Agora você tem minhas duas histórias:
Ancestral e Primal,
Ancestral e Primal,
porque é
assim que sei contar minha(s) história(a):
De corpo
para corpo.
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