segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Das mãos

Hoje eu cortei as linhas das minhas mãos
Raspei os três calos em cada palma
Sangrei a pele grossa da ponta dos dedos, eliminei minha identidade.

Com o lápis deste texto marquei três círculos nas dobras do meu dedo que confirmam minha positividade
ou negatividade
ou imparcialidade.

Costurei minha ferida com o grafite.

Com as mãos em punho, não se vê nada
Só as marcas do cigarro nas articulações
Se você sabe ler as linhas,
eu abro minhas mãos e deixo seus dedos passarem pelas linhas que criei:

Há uma história ancestral que fui apagando com a ponta do lápis.
E há essa nova história que decide-se deixar que você me conte.

Seus dedos estão vermelhos do meu sangue.
Tire sua blusa e deixe que eu marque minhas mãos nos seus peitos.
Pronto. Agora você tem minhas duas histórias:
Ancestral e Primal,

porque é assim que sei contar minha(s) história(a):

De corpo para corpo.

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